Enquanto todos a sua
volta comentavam
sobre suas
sentimentalidades
ela friamente analisava
o conteúdo das amenidades
como sombra de uma
arvore retorquida
sem folhares e nem
sombras
sentia-se ela de emoções desprovida
visto que todos a sua
volta
ora riam
ora choravam
analizava ela friamente o conteúdo do assunto a
sua volta
respira pausadamente
enquanto
todos esquecem de sua
presença prisioneiros de suas
sentimentalidades.
Entrega-se ela ao
devaneio
que somente uma mente
infantil pode conceber de brincadeiras
e fantasias
esquecendo-se que é
preciso crescer.
A felicidade de todos os
presentes contrastava com sua
sobriedade
mesmo sendo ela a
homenageada
mesmo sendo dela a
noite inteira não se conformava ela
seu desejo era
desaparecer da vista de
todos
deixando-os com seus
planos secretos ou mesmo com seu
futuro decidido a revelia
sem direito de opinar
o que era de fato
o que mais a oprimia.
Sentimentalidades perguntava-se ela a todo
instante
que porcaria fazia ali
plantada
feito visgo natalino
na noite dezembrina que todos a procuravam
que todos beijavam.
risos e caretas
de falsidade
após cada beijo
cada abraço desejos de felicidade.
Não eram pois capazes
de perceber
o que se ia ao fundo de
sua alma
que ja não suportava ela
comentários de esgue
irosos
de sua fingida calma.
Assim a noite
atravessava todas as batidas
do relógio
rumo ao amanhecer
enquanto sua festa
se esvaziava
ela deixava rolar discreta lagrima
pois morria nessa noite a
menina criança
que acalentara no peito
nascia nessa hora negra
de sua alma a menina mulher.
Depois dessa noite e da
derradeira dança
da vida e da morte
ambas bailando em
suas fantasias beirando a psicopatia
nos braços carinhosos de
seu pai
valsava
e ao encanto da noite se
rendia ela ainda viveria
sobreviveria aos quinze
anos
ela ainda em sua vida
reinaria
apesar dos planos urdidos na escuridão
dos alcovês
ela de posse do seu
destino
apesar de todos os
temores seria ainda ela senhora
de si.
Do alto de sua juventude
se renderia um dia
também a
sentimentalidades mas vestida de sua
armadura alva
da inocência
não sucumbiria a criança
no seu ser
a trama indizível das vaidades
nem arranharia ela o seu
escudo
nas garras das maldades
pois ainda que hoje
se tornasse menina mulher
em essência
carregaria na alma
a pureza da inocência.


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